DIAS CINZENTOS



Não gosto de dias cinzas
Não gosto das sombras na terra
todas elas me espreitam, me intimidam e me apavoram
Não gosto deste cheiro de velas no ar
Não gosto da luz que se apaga, um convite da morte a chegar
Não gosto dos rostos cobertos, fechados, cizudos na fronte
Não gosto dos risos remotos, escarnecendo sem horizontes
Não gosto da frieza imposta, que congela e petrifica
Não gosto do sabor insoso, que encobre o gosto da vida
Não gosto de dias cinzentos
Do zumbido dos ventos nas janelas
Não gosto quando me vejo perdida nos cinzas das horas
Meu corpo não vendo saída, se entregando a dor e às sobras
Me impedindo de ver a alegria, que mesmo nas sombras dos dias,
permanecem presentes lá fora.
E mesmo assim não gostando
de dias cinzentos e escuros
Eles me revelam algo de que não posso esquecer
Que ver a luz no horizonte, não depende de realmente a ver
Mesmo que o sol não saia, não brilhe no alto entre as nuvens
a luz que quero depende de outros vislumbres... depende do meu olhar.

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