Tarde, Clara

Já era tarde quando percebeu o dia. 

Não viu o sol brilhando

não ouviu as melodias

de pássaros cantando

ou dos risos de alegria

das crianças que passavam

e faziam suas folias

Não olhou pela janela

não deixou o ar entrar

não deixou a porta aberta

não quis se movimentar

E o dia ia passando

e ela sem reparar

Tarde ia quando Clara

despertara para olhar

a vida passando ao seu lado,

ela sem a aproveitar

A tardinha despontando

e o Sol a se deitar

sua pele esbranquiçando

sua alma a definhar

o seu riso amarelando

Clara a se questionar:

o que fizera do tempo?

E a vida a se dissipar...