DA CHEGADA DE UM PRESENTE

Cheguei em casa, cansada... amuada... e estava lá, ainda embrulhado.
Um instante de alegria inesperada que despertou meu olhar.
Abri com lágrimas nos olhos, pois trazia em si a beleza de um instante mágico.
A chegada de algo que se espera e a tristeza por saber que 

o que realmente se espera não pode ser aberto
Não veio com o presente... não virá. O presente é só o marco do que realmente ainda espero.
Registra em sua alma (pois para mim todos os livros tem alma), a essência de uma fase.
Sim, ele marca uma transformação...
Fase árida, sofrida... interna... dolorida, conhecida só por mim
Afinal, toda dor vivida é egoista... sabe de si mesma, embora ouça falar da dor alheia.
As lágrimas rolaram incontidas pela face quando observei a capa,
o que me foi presenteado não poderia melhor traduzir o instante que marca :

A FÚRIA DA BELEZA
E quanta beleza há na VIDA... na NATUREZA... no AMOR
Quanta beleza Elisa Lucinda expressa em sua poesia... relata o belo em lindas palavras...
poesia fértil semeando minh'alma... despertando em mim um pouco de beleza que dela exala
E salta aos olhos, desde a capa... e a FÚRIA presença sempre tão marcante, forte...se faz sútil
Como nos atos insensatos, inpensados... que esmaecem com o tempo (ou não)... 

como a dor que o livro marca.
Ele ganha um lugar cativo em minha estante, ao lado de outros de Elisa Lucinda...

Fernando Pessoa... Florbela Espanca... Adélia Prado...

Cecílica Meireles... Pablo Neruda... Mário Quintana...
E apesar de todo o amor que tenho pelos poemas ali escritos...
ao abrí-lo, tocá-lo, relê-lo... não será apenas a poesia que fluirá de suas páginas
Uma parte de mim será sempre revisitada,  a cada página virada
E a cada poema lido, relido... ficará outra parte minha,
que  pouco antes da chegada do livro, já havia ficado para trás.